Institucional
Nota informativa sobre a atual situação do filhote de peixe-boi encalhado na praia de Atalaia
20 de junho de 2023
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O peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) é uma das espécies mais ameaçadas de extinção do Brasil, estando na categoria de Em ameaça de extinção, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2022). As atividades antrópicas que impactam o habitat do peixe-boi são hoje as principais ameaças para a conservação da espécie resultam entre outras coisas, no encalhe de filhotes. O resgate e reabilitação destes indivíduos é umas das mais importantes ações de conservação para os peixes-bois marinhos. Estes filhotes, ao nascerem, são dependentes de cuidados maternos por cerca de dois anos, entretanto nas primeiras semanas estes cuidados são ainda mais intensos. Ao nascerem, as mães precisam ensinar ao filhote desde a alimentação e natação e mesmo o movimento de levantar-se para respirar fora da água, pois se trata de mamíferos aquáticos. Na maioria das vezes devido a ações antrópicas, quando estes encalhes ocorrem, se os filhotes não forem resgatados nas primeiras horas, eles rapidamente vão a óbito seja por afogamento, insolação, fome, entre outras causas.

No último dia 09 de junho, um filhote de peixe-boi foi resgatado por técnicos da Comissão Ilha Ativa e Apa Delta do Parnaíba. Segundo informações de comunitários, este animal já havia sido avistado desde o dia 03 de junho, na região da praia do Arrombado, sem a presença da mãe. Desde então, os técnicos vinham realizando monitoramento de praia, que culminou no resgate do filhote, apenas dia 09 de junho, próximo à região do quebra-mar, em Atalaia.

No momento do resgate, o animal já apresentava sinais de cansaço e estresse e foi levado imediatamente para a Base do Projeto Peixe-boi/ICMBio, no município de Cajueiro da Praia, para dá início a sua estabilização e posterior transporte. O filhote neonato de peixe-boi-marinho, é uma fêmea, com 122 cm de comprimento, possuía ainda resquícios de cordão umbilical o que comprova que se trata de um filhote com poucos dias de vida.

No Piauí, a APA Delta do Parnaíba, juntamente com a CIA, realizam os primeiros atendimentos à filhotes de peixes-bois encalhados para sua estabilização, até que estejam aptos para serem transportados para Centro de Reabilitação, em Itamaracá, pois no Piauí, não há centro especializados para reabilitação de animais que duram em média até 6 anos, e assim poderem retornar a ambiente natural. O processo de estabilização tem um período de 2 a 5 dias, e que pela ausência de manter o animal para a reabilitação, esta estabilização pode regredir, fazendo o animal vir a óbito em poucos dias. Destacamos assim, que por ser uma espécie ameaçada de extinção, a recuperação de todo o indivíduo para posterior soltura no ambiente é fundamental.

Desde o dia de seu resgate, a ONG Comissão Ilha Ativa realizou o procedimento necessário com envio de ofício para o email da Secretaria de Meio Ambiente do Estado, solicitando o apoio do Governo do Estado do Piauí, para colaborar novamente com a liberação de aeronave para a translocação do filhote, uma vez que a translocação por transporte aéreo, é o correto conforme protocolos oficiais para conservação de sirênios.

Segundo informações da Chefe de Gabinete da Vice-governadoria, a aeronave foi AUTORIZADA pelo governador em exercício, mas que de acordo com a SEGOV, o contrato com a Empresa de aeronave, está sem cobertura. O que foi explicado que significa que “O contrato com a empresa está quase sem saldo”. Essas informações foram obtidas com o Gabinete do governador em exercício. Ressalta-se que foi buscado apoio junto a diversos deputados, mas obteve-se as mesmas respostas, quanto a falta de cobertura nos contratos com a empresa de taxi aéreo.

Em virtude da situação urgente do filhote, e a falta de encaminhamentos, junto ao Governo do Estado, a ONG Comissão Ilha Ativa buscou apoio do Ministério Publico do Piauí, com o CAOMA-Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente e a Promotoria de Luís Correia, os quais também buscaram resolver o transporte do filhote de forma administrativa, mas devido à falta de resposta, foi ajuizada uma Ação, para buscar resolver a situação.

Após uma Decisão Judicial, o transporte do filhote Marina foi realizado dia 18 de junho, as 9 horas da manhã, para o Centro de Reabilitação em Itamaracá/CMA, onde receberá os cuidados adequados para num futuro breve, possa retornar ao ambiente natural.

Agradecemos ao Ministério Publico Estadual, ao Dr. Yan Walter, Promotor da Comarca de Luís Correia, a Dra. Aurea Madruga, promotora do Centro de Ação Operacional do Meio Ambiente – CAOMA, ao Dr. Cristiano, da promotoria da Comarca de Parnaíba, por toda sensibilidade do caso, e entender a urgência no transporte do filhote que vinha já apresentando regressão na estabilização.

Desejamos vida longa a Marina, uma boa reabilitação e um breve retorno ao ambiente natural para cumprir seu papel ecológico, assim como Mocinha, Leno, Whind, Amaro e Farofa.